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o que você consegue ser?

Foi em um daqueles momentos em que estava completamente à toa, ou pelo menos fingia estar. Mais especificamente, estava no Twitter. Era mais uma de minhas tentativas de esquecer, mesmo que por alguns minutos, do emaranhado de coisas a serem feitas quando vi. A primeira sentença do tweet já era mais do que o suficiente para martelar na minha cabeça por horas: "a gente não é o que a gente quer ser, a gente é o que a gente consegue ser".

Não sei ao certo o quanto dessa frase é óbvia (ou se de fato pode ser considerada como algo do gênero), mas existe um grande quê de veracidade nela que foi inevitável não passar por aquela pequena-talvez-grande crise existencial, até porque ao longo da vida a gente quer ser tanta coisa e ir atrás de tantos sonhos que a gente esquece daquele fator primordial: a realidade.

De fato, é muito mais fácil almejar que concretizar, A poética sempre reside (ou na maior parte do tempo) na teoria. Agora há pouco, inclusive, me lembrei de uma das coisas que Do You Like Brahms?, um dos meus k-dramas favoritos, ensina sobre os sonhos: às vezes cansa. Quando percebemos em que escala de realidade nos encontramos, nossos objetivos, por mais belos que soem, acabam se tornando fardos e, assim como a protagonista do k-drama, temos de procurar formas de reinventá-los com o que estiver no nosso alcance naquele momento, ou simplesmente tentar outro. O problema é quando não há mais nada que possa ser recriado depois que notamos que o mundo lá fora nos exige outra coisa. Nem sonhos, nem o tipo de pessoa que gostaríamos de ser de fato. E isso é muito mais assustador do que qualquer tipo de realidade.

A questão é que a gente sempre tenta. Muito. Até porque é muito mais fácil saber quem queremos ser do que entender quem somos de fato no agora. É muito mais fácil olhar para nossas metas e estarmos dispostos a enfrentar a realidade agora. Contudo, no final, lidamos da maneira como podemos e fazemos o que conseguimos. Apensas sendo o que a gente consegue.

Muito provavelmente não falei nada com nada ou só escrevi um bocado para algo que poderia tranquilamente ser resumido em 240 caracteres de um tweet, mas pensar no mundo lá fora dói (porque, convenhamos, essa ideia toda de otimismo em relação a um mundo nada gentil é até bonita na teoria, mas só dá para acreditar de fato nisso se você for herdeiro). Crescer por si só dói. E às vezes a sensação de que tentar não é o suficiente dói ainda mais. Ser o que conseguimos ser nem sempre vai bastar, mas no final vai ser a nossa melhor maneira de lidar com a vida lá fora.

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