De forma alguma tiro a validade desses tipos de fala, é um raciocínio simples: se você levou tanto tempo para chegar até aqui e já está alcançando a linha de chegada, por que parar agora? Está quase lá, dá para aguentar mais um pouquinho... Pelo menos em tese.
Em algum momento de nossas vidas falamos sobre o tal desse "quase lá" em algum âmbito das nossas vidas ou na de outra pessoa. Só estamos tentando ser racionais na medida do razoável (sim, razoável. Porque às vezes nem sei se "na medida do possível" é o mais apropriado), porque é isso que se espera de pessoas como nós.
Mas o quanto vale esse "quase lá"?
O quanto vai ser exigido de você para alcançar o tal resultado?
O quanto vai restar de você com todo esse "só aguenta mais um pouquinho"?
Você de fato acredita que vai chegar até lá em suas melhores condições mesmo que tenha sido um fardo que teve de carregar durante tanto tempo?
Tanto se fala sobre saber a hora de parar, mas por que quando se trata do "falta pouco" a gente tem sempre que aguentar? O quanto vale esse resultado? Em que posição você vai estar dentro disso tudo?
É óbvio que as nuances dentro dessa questão existem e não estou de modo algum dizendo que é pra você desistir sempre que a exaustão e a sensação de estar esgotado bater, até porque às vezes (ou na maior parte do tempo? Não sei ao certo, talvez seja relativo) só precisamos de fato descansar para continuar a jornada, ou ter de fato que se submeter a tal coisa para chegar a um objetivo a longo prazo. A questão é saber até onde vai aguentar quando nada mais está fazendo sentido para você independente da etapa em que esteja.
Aquele curso que nunca quis (ou achava que queria) e que lhe custou anos de sua saúde mental, por exemplo, a conclusão dele vai lhe valer de algo só porque já está acabando, por mais que tente ter em mente que foi "conhecimento a mais"? Ou até mesmo um sonho ou um objetivo se transformou um fardo muito mais pesado e complicado de se manter, acredita que consegue permanecer até o fim ou encontrar alguma coisa, quando você tem alguma rede de apoio para lhe amparar?
Até que ponto dá para agir como uma pessoa racional nessas horas?
Entender e respeitar nossos limites é importante, então porque não fazer quando o "quase lá" tem lhe custado tanto?
É sempre aquela questão de saber balancear as coisas. Onde colocamos nossa balança nessas horas?
O poder de decisão não continua sendo nosso?
Ou só precisamos desbravar o mundo um pouco mais e nos descobrir mais?
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