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ao mundo que nunca conheci, carta 2.

Juro que estou tentando te alcançar. Juro que estou pelo menos tentando.

Quero te ver de perto, entender a tua história, te observar por completo e entender quem é toda essa gente que te compõe.

O problema é que meu corpo se recusa a se mover.

Inspiro. Expiro. Inspiro. Expiro.

Não tenho como alçar o meu voo, pois cortei as minhas asas. Não consigo andar, pois meus pés se recusam a se mover. Minha voz não se ergue, pois as palavras se recusam a sair da minha garganta: elas preferem me sufocar. Olho para você e vejo suas feições. Atrofio em melancolia porque sei que não vai esperar por muito tempo.

Olho para essa gente e finjo não estar fascinada. Eles conseguiram. Eles conseguem. Eles vivem.

Há tantos deles em você, será que realmente existe algum espaço para mim?

Por quanto mais tempo você me espera?

Eu estou tentando, por mais que não pareça. Juro que estou tentando.

Eu ainda vou te alcançar.

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