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o que a menina dos alpes tem a dizer ao mundo

Há uma mágica na literatura infanto-juvenil (ou só simplesmente naquelas histórias contadas inteiramente no ponto de vista de uma criança) para lá de inexplicável. Tudo sempre parece ter muito mais força aos olhos de uma criança. Tudo é novo, tudo parece até mais intenso, porque é aquele velho preceito de estar formando suas primeiras impressões do mundo.

Foi exatamente disso que me lembrei quando tive a oportunidade de conhecer Heidi, em maio ainda deste ano, no livro que leva o nome desta mesma personagem para o clube do livro que participo.

Não vou falar sobre o evidente teor religioso que a história possui, quero falar sobre a protagonista em si. Durante toda a leitura a tradução dos versos de My Sea, da cantora IU, não me saía da cabeça, sobretudo quando ela diz: A criança dentro de mim teve um sonho diferente sob uma chuva de estrelas. E então vem aquela pergunta que provavelmente já lhe fizeram num dia qualquer: a criança que você foi teria orgulho de você hoje?

E então lhe pergunto: onde você deixou a criança que um dia foi? Ela ainda existe? No que o mundo real de fato nos tornou? O que essa inconstância tem feito de nós? O que ela tem feito de você?

Heidi é um espírito livre, ela é livre, mesmo que não possa viver a liberdade de maneira plena. Ainda que tentassem moldá-la, ela simplesmente continuava sendo, agindo conforme o que seu interior gritava. Heidi é quem somos, um dia fomos e quem gostaríamos de ser, uma lembrança daquilo que a gente costuma sempre esquecer em decorrência à correria do dia a dia.

No final, temos muito mais a aprender com uma criança do que realmente pensamos, mesmo que ela não saiba como o mundo realmente funciona. Talvez esse seja um de seus feitos mais memoráveis: ela ensina de fato como fazer da realidade poesia. Ela ensina leveza, a liberdade sem muitos rodeios. O mundo nunca parece um lugar tão ruim de se estar quando tentamos nos atentar às sutilezas que nos rodeiam.

A questão é: até onde conseguimos enxergar isso? A criança que um dia fomos entenderia?

Para ser sincera, não sei dizer se a resposta seria um possivelmente sim ou um possivelmente não. Aprendi nesses últimos anos a não subestimar o entendimento de uma criança, apesar de nela, em regra, não haver malícia em seus olhos.

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