E então lhe pergunto: onde você deixou a criança que um dia foi? Ela ainda existe? No que o mundo real de fato nos tornou? O que essa inconstância tem feito de nós? O que ela tem feito de você?
Heidi é um espírito livre, ela é livre, mesmo que não possa viver a liberdade de maneira plena. Ainda que tentassem moldá-la, ela simplesmente continuava sendo, agindo conforme o que seu interior gritava. Heidi é quem somos, um dia fomos e quem gostaríamos de ser, uma lembrança daquilo que a gente costuma sempre esquecer em decorrência à correria do dia a dia.
No final, temos muito mais a aprender com uma criança do que realmente pensamos, mesmo que ela não saiba como o mundo realmente funciona. Talvez esse seja um de seus feitos mais memoráveis: ela ensina de fato como fazer da realidade poesia. Ela ensina leveza, a liberdade sem muitos rodeios. O mundo nunca parece um lugar tão ruim de se estar quando tentamos nos atentar às sutilezas que nos rodeiam.
A questão é: até onde conseguimos enxergar isso? A criança que um dia fomos entenderia?
Para ser sincera, não sei dizer se a resposta seria um possivelmente sim ou um possivelmente não. Aprendi nesses últimos anos a não subestimar o entendimento de uma criança, apesar de nela, em regra, não haver malícia em seus olhos.
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